Post by Senslyn on Jun 14, 2005 18:29:26 GMT
[glow=red,2,300]A Batalha Epica[/glow]
I
O céu estava escuro, assim como a alma do Clan Lusitanos.
Koresma fitou as nuvens. Moviam-se demasiado rápido. Até elas tentavam fugir do que estava prestes a acontecer. Pareciam sentir a tensão que ia no ar.
As costas doíam-lhe como tudo e a vontade de praguejar com alguém começava a ser enorme.
- “Koresma?”
- “Não sei, não me interessa, nem quero saber!! É assim tão difícil de se entender?”
- “Eu sei, velho amigo. Todos estamos tensos. Eu também não queria fazer isto. Mas se queremos ganhar a confiança dos Grievers e principalmente do StoryTeller, vamos ter de avançar com o plano.” – disse Nurun.
- “Nurun, isto não tem pés nem cabeça.”
- “Não podemos fazer muito mais, Koresma.”
- “Podemos sim senhor! Podemos simplesmente lixarmo-nos para o ave rara do StoryTeller e tentar fazer chegar algum juízo às cabeças destas pessoas patéticas! O bando de elfos que aparentemente anda a fazer muito mal por todas as cidades, não pode ser assim tão forte!! Por amor de deus, são apenas elfos…” – Nurun olhou de soslaio para Koresma. – “Sem ofensa claro, Nurun!”
- “Koresma, nós já tentamos fazer entender ao clan Grievers das outras hipóteses de interacção, mas aparentemente, só mesmo com uma guerra conseguimos sossegar de uma vez por todas estes elfos armados em cowboys. Eles já proporcionaram muitas mortes, de acordo com o que o StoryTeller afirmou. O líder desse grupo, o Blazard, está a tornar-se cada vez mais forte.
- “Mas quem é que segue um bando de elfos paneleiros?! Oh, não me olhes assim, tu entendeste. Acho isso um exagero. Claro que se olharmos pelo prisma do StoryTeller, imagino que isso para ele seja de facto um problema.”
- “E é exactamente aí que nós entramos, Koresma!”
- “Mas Nurun, nós podíamos simplesmente não nos metermos. Eles ainda não se tornaram num empecilho para nós, nem devem saber da nossa existência. Compreendo o que estás a fazer, mas achava melhor fazermos, tipo um trabalho de reforço em algumas aldeias estratégicas, em vez de irmos atacar uma aldeia em concreto, que aparentemente eles vão lá estar todos sentadinhos à nossa espera.” – disse Koresma.
- “Acho estranho os Grievers terem assim tanto ódio por um grupo de elfos. Mas se eles são um problema para o StoryTeller, tornam-se automaticamente um problema dos Lusitanos.” – disse Nurun.
- “Pois… E nós para lhe provarmos que somos bons meninos, lambe-botas, vamos a correr com eles, para cercar o bandozito de elfos apaneleirados e dar-lhes muito tau-tau, porque se portaram muito mal… Ah! Esquece, Nurun. Não estou com a melhor das disposições. Isto não me cheira bem, não me peças para estar calmo.” – disse Koresma.
- “Nem o disse!” – defendeu-se Nurun.
- “Mas pensaste!” – disse Koresma.
Nurun afastou-se então de Koresma. Achou por bem, deixa-lo sozinho com os seus pensamentos.
Não que não partilhasse algum desse mesmo receio, mas não podia vacilar.
Era de facto uma oportunidade demasiado valiosa para o clan, para se deixar levar por um pressentimento.
Ele acreditava nos seus companheiros, e se eles o seguiam, deviam também acreditar nele. Pelo menos ele esforçava-se para que tudo corresse bem e fosse digno do respeito e do mérito que eles lhe prestavam.
- “Isto de contar estrelas, já está a começar a saturar…” – disse Noxx, quando Nurun se aproximou dos restantes, que estavam juntos, em volta de uma fogueira a conversar.
- “Vais ter de te contentar em contar ainda mais. O nosso contador de histórias hoje está demasiado mal-humorado, para se juntar a nós.” – confidenciou Nurun com um suspiro.
- “E com razão, não?” – disse Skirft, dando mostras do seu mau humor também.
- “Parece não ser o único… Não me pareces muito contente.” – disse Sagramor, que parecia entretido com a sua pantera Nimue, brincando com esta. A única que parecia de facto alheia à tensão que a rodeava.
- “Diz antes assim, a responsabilidade pesa como tudo e faz dores de cabeça quando menos se espera.” – disse Nurun.
- “Se achas que não devemos ir, não vamos. É muito fácil. É tudo uma questão de escolha.” – disse Noxx.
- “Não é assim tão fácil, Noxx. Temos mesmo de ter esta aliança. E o acordo para a mantermos, é aniquilarmos Blazard e o seu bando.”
- “Sabes que o Koresma pode ter uma certa razão. Acho que a intenção deles é bem maior do que pôr-nos à prova.” – disse Sagramor.
- “Talvez, mas lembra-te que nós também, de certo modo, os vamos por à prova. Só assim conseguiremos saber se eles são de facto legítimos na sua promessa ou não…” – disse Wild.
- “ Legítimos o quê? Ah… Os dark elfos tem a mania de complicar sempre tudo!!” – disse Noxx.
- “Se complicarmos, os humanos tornam-se confusos. Portanto queres presa melhor que um humano totó!?! Assim saberemos se o HUMANO StoryTeller, é totó ou não…” – Wild protestou, com algum sarcasmo.
- “Oiçam, temos de confiar no Nurun. Sejamos francos, esta aliança é um excelente negócio. Se para isso temos de ir a um sitio e por fim a um grupo de gajos que só anda a fazer asneiras por um monte de aldeias, oh pá!!! Então força, vamos lá!! É apenas um pouco mais de mal que tiramos do mundo…” – disse Jesus.
Hyce apareceu então, e juntou-se ao grupo.
“Jesus, meu padreco!!! Pára de apregoar a missa!!! Já todos percebemos que Blazard não anda propriamente a plantar rosas. Mas o único problema é que nós não temos qualquer registo da acção pecaminosa deles ou que tenhamos de facto testemunhado. São apenas boatos, e algo que o StoryTeller quer que nós acreditemos que existe.” – disse Hyce.
- “Para não esquecer o súbito interesse na nossa aliança. Ele praticamente que pedinchou a nossa atenção, quando salvou o NiceOne, daquele ataque.” – disse Hefestos.
- “Isso também foi de facto muito estranho. Aquele monstro saído de nenhures e vir marrar logo comigo, foi um azar do caraças, quando já não tinha mais poções para aumentar o meu poder.” – disse NiceOne desapontado.
- “Eu tentei chegar lá o mais rápido possível, NiceOne. Mas acabamos por nos perder, quando caímos ao rio. Quando lá chegamos, já lá estava o StoryTeller e o clan dele em peso a fazerem a boa acção do dia.” – disse Sagramor levantando-se. – “E agora vão me dar licença, mas tenho um assunto a tratar antes do amanhecer.”
- “Sagramor… Ouve, era bom que descansasses, amanha vai ser um dia bastante puxado.”
- “Não te preocupes com o meu descanso, Nurun. Eu vou descansar muito… Ou não!” – disse sorrindo. Chamou Nimue e partiram pela escuridão.
Enquanto isso, Lince pensava na sua conversa com Verónica que tinha tido à horas atrás.
- “Lince não vás… Peço-te!”
- “Achas mesmo que eu posso fazer isso??? É chegar lá e dizer, olha Nurun não me apetece ir, desculpa, fica bem… Não posso, Verónica… Eu estou ligado aos Lusitanos por um juramento, e eu sou leal a esse juramento. Não posso abandonar os meus companheiros, só porque tu tiveste uma visão.”
- “Ah, agora já não confias nas minhas visões???”
- “Verónica não é isso… Entende o meu lado…”
- “E porque é que eu tenho de entender o teu lado, quando tu não entendes o meu??? Porque é que eu vou ter de assistir à tua morte mais uma vez??? Bastou-me o que eu vi na minha visão, para ter uma imagem clara do que ia acontecer. Já me chega ter-te visto a morrer nela, não quero que isso se torne numa realidade. Por favor Lince, por nós, se ainda sentes de facto algo por mim, não vás. Avisa-os do perigo que correm, se quiseres, mas tu não vás. És tudo o que eu tenho.”
- “Não faças isto, Verónica. Há muita coisa em jogo, aqui. Não posso simplesmente desistir. Nós estamos a arriscar muito!!”
- “Então e eu??? Não arrisquei tanto por ti? Não fui banida pelos da minha própria raça para continuar contigo??? Achas que isso não é arriscar nada??? Eu estou completamente sozinha no mundo, por tua causa…”
- “Verónica…” – aproximou-se dela, tentando abraça-la.
- “Não! Afasta-te! Se as minhas visões já não prestam, eu também já não presto para ti. Então o melhor é afastar-me de vez de ti.”
- “Verónica, não faças isso… Nada vai acontecer!”
- “Vai sim, sangue vai ser derramado. Incluindo o teu!!! Vemo-nos então no outro mundo, meu amor…”
E dizendo isto, afastou-se. O seu coração estava completamente despedaçado! Apetecia-lhe matar o Nurun, por um dia ter permitido que Lince pertencesse aos Lusitanos…
Estava-lhe a custar tanto aquele momento. Porquê é que Lince não lhe dava ouvidos? Sempre tinha confiado nela e nas suas visões. Mas desde que começaram com os planos para a aliança com o clan de StoryTeller que Lince nunca mais foi o mesmo.
Lince, no entanto, ficou a ver Verónica a afastar-se cada vez mais dele, até desaparecer na neblina.
Oh, como ele queria correr até ela e faze-la parar. Mas não podia. Ele sabia que tinha um dever a cumprir e mesmo que isso significasse a sua morte, era um passo que ele daria sem hesitar, e apesar da Verónica não concordar com ele, o seu amor por ela era algo que nunca acabaria, mesmo depois da sua possível morte ...
Acordando então do seu pensamento, decidiu tentar. Decidiu contar parte da história a Nurun.
- “Nurun, eu tenho estado calado, mas acho que chegou o momento de falar. Eu soube por alguém, que as intenções de StoryTeller, não são as melhores. Eles não pretendem levar o assunto da aliança a sério. Talvez fosse melhor ponderarmos um pouco mais na decisão final. – disse Lince”
- “Quem te contou isso?”
- “Quem contou não interessa. Apenas estou a pôr a hipótese, e se bem me lembro tu próprio disseste que tínhamos de ponderar em todas as hipóteses.”
- “Lince, sabes bem que não temos muito mais hipóteses, se queremos mesmo que esta aliança dê certo.”
- “Mas a questão não é essa. A questão é, quão fidedigna é a intenção deles. A pessoa em questão viu morte amanhã Nurun, e não me estou a referir ao grupo de elfos, nem a ninguém do outro clan. A morte vai assombrar os nossos.”
O silêncio instalou-se então naquele momento. Todos olhavam entre si.
- “Uma visão. Isso só os dark elfos têm essa capacidade.” – disse Wild.
A imagem de Verónica veio de novo à sua mente toldar-lhe os pensamentos.
- “E tu confias nessa visão?” – perguntou-lhe Nurun.
A pergunta… A derradeira pergunta…
- “Já não sei nada, Nurun. Faz como entenderes. Vou dormir, estou cansado.” – disse Lince, levantando-se e caminhando para a sua tenda.
- “Há muitas incertezas a rodear o clan, Nurun. Isso não é bom.” – disse Hefestos.
- “Neste momento nada é bom.” – disse Noxx.
- “Tudo se parece complicar ainda mais.” – disse Wild.
- “Então e os dark elfos não dormem???” – disse Noxx tentando provocar Wild.
- “Nos nossos sonhos vemos muita verdade. Por isso o sono para nós não é algo tão sagrado como é para vocês, Noxx.”
- “Pois eu estou cansado para burro, mas não consigo adormecer…” – disse NiceOne.
- “Conseguindo adormecer ou não, acho melhor irmo-nos deitar. Assim pensamos sozinhos, e não ficamos mais stressados do que estamos todos a ficar com esta conversa.” – disse Hyce.
- “Acho que tens razão, Hyce. O melhor mesmo é irmo-nos deitar.” – disse Skrift.
- “Descansar o corpo, já que a nossa mente não quer descansar.” – disse Hefestos, afastando-se depois para a sua tenda.
- “O dia de amanha vai ser uma mudança para todos nós, Nurun. Para bem… Ou para mal…” – disse Jesus, dando umas leves pancadinhas nas costas de Nurun, deixando-o depois sozinho, a olhar para o fogo na fogueira, que já quase se extinguira. Os outros levantaram-se também e caminharam para as suas tendas.
- “Sagramor, espero que ao menos tu estejas melhor que nós…” – o ultimo pensamento de Nurun, antes de apagar o que restava da fogueira, tapar o Koresma que tinha adormecido bêbedo, sentado numa pedra, e finalmente dirigir-se ele também, até à sua tenda.
I
O céu estava escuro, assim como a alma do Clan Lusitanos.
Koresma fitou as nuvens. Moviam-se demasiado rápido. Até elas tentavam fugir do que estava prestes a acontecer. Pareciam sentir a tensão que ia no ar.
As costas doíam-lhe como tudo e a vontade de praguejar com alguém começava a ser enorme.
- “Koresma?”
- “Não sei, não me interessa, nem quero saber!! É assim tão difícil de se entender?”
- “Eu sei, velho amigo. Todos estamos tensos. Eu também não queria fazer isto. Mas se queremos ganhar a confiança dos Grievers e principalmente do StoryTeller, vamos ter de avançar com o plano.” – disse Nurun.
- “Nurun, isto não tem pés nem cabeça.”
- “Não podemos fazer muito mais, Koresma.”
- “Podemos sim senhor! Podemos simplesmente lixarmo-nos para o ave rara do StoryTeller e tentar fazer chegar algum juízo às cabeças destas pessoas patéticas! O bando de elfos que aparentemente anda a fazer muito mal por todas as cidades, não pode ser assim tão forte!! Por amor de deus, são apenas elfos…” – Nurun olhou de soslaio para Koresma. – “Sem ofensa claro, Nurun!”
- “Koresma, nós já tentamos fazer entender ao clan Grievers das outras hipóteses de interacção, mas aparentemente, só mesmo com uma guerra conseguimos sossegar de uma vez por todas estes elfos armados em cowboys. Eles já proporcionaram muitas mortes, de acordo com o que o StoryTeller afirmou. O líder desse grupo, o Blazard, está a tornar-se cada vez mais forte.
- “Mas quem é que segue um bando de elfos paneleiros?! Oh, não me olhes assim, tu entendeste. Acho isso um exagero. Claro que se olharmos pelo prisma do StoryTeller, imagino que isso para ele seja de facto um problema.”
- “E é exactamente aí que nós entramos, Koresma!”
- “Mas Nurun, nós podíamos simplesmente não nos metermos. Eles ainda não se tornaram num empecilho para nós, nem devem saber da nossa existência. Compreendo o que estás a fazer, mas achava melhor fazermos, tipo um trabalho de reforço em algumas aldeias estratégicas, em vez de irmos atacar uma aldeia em concreto, que aparentemente eles vão lá estar todos sentadinhos à nossa espera.” – disse Koresma.
- “Acho estranho os Grievers terem assim tanto ódio por um grupo de elfos. Mas se eles são um problema para o StoryTeller, tornam-se automaticamente um problema dos Lusitanos.” – disse Nurun.
- “Pois… E nós para lhe provarmos que somos bons meninos, lambe-botas, vamos a correr com eles, para cercar o bandozito de elfos apaneleirados e dar-lhes muito tau-tau, porque se portaram muito mal… Ah! Esquece, Nurun. Não estou com a melhor das disposições. Isto não me cheira bem, não me peças para estar calmo.” – disse Koresma.
- “Nem o disse!” – defendeu-se Nurun.
- “Mas pensaste!” – disse Koresma.
Nurun afastou-se então de Koresma. Achou por bem, deixa-lo sozinho com os seus pensamentos.
Não que não partilhasse algum desse mesmo receio, mas não podia vacilar.
Era de facto uma oportunidade demasiado valiosa para o clan, para se deixar levar por um pressentimento.
Ele acreditava nos seus companheiros, e se eles o seguiam, deviam também acreditar nele. Pelo menos ele esforçava-se para que tudo corresse bem e fosse digno do respeito e do mérito que eles lhe prestavam.
- “Isto de contar estrelas, já está a começar a saturar…” – disse Noxx, quando Nurun se aproximou dos restantes, que estavam juntos, em volta de uma fogueira a conversar.
- “Vais ter de te contentar em contar ainda mais. O nosso contador de histórias hoje está demasiado mal-humorado, para se juntar a nós.” – confidenciou Nurun com um suspiro.
- “E com razão, não?” – disse Skirft, dando mostras do seu mau humor também.
- “Parece não ser o único… Não me pareces muito contente.” – disse Sagramor, que parecia entretido com a sua pantera Nimue, brincando com esta. A única que parecia de facto alheia à tensão que a rodeava.
- “Diz antes assim, a responsabilidade pesa como tudo e faz dores de cabeça quando menos se espera.” – disse Nurun.
- “Se achas que não devemos ir, não vamos. É muito fácil. É tudo uma questão de escolha.” – disse Noxx.
- “Não é assim tão fácil, Noxx. Temos mesmo de ter esta aliança. E o acordo para a mantermos, é aniquilarmos Blazard e o seu bando.”
- “Sabes que o Koresma pode ter uma certa razão. Acho que a intenção deles é bem maior do que pôr-nos à prova.” – disse Sagramor.
- “Talvez, mas lembra-te que nós também, de certo modo, os vamos por à prova. Só assim conseguiremos saber se eles são de facto legítimos na sua promessa ou não…” – disse Wild.
- “ Legítimos o quê? Ah… Os dark elfos tem a mania de complicar sempre tudo!!” – disse Noxx.
- “Se complicarmos, os humanos tornam-se confusos. Portanto queres presa melhor que um humano totó!?! Assim saberemos se o HUMANO StoryTeller, é totó ou não…” – Wild protestou, com algum sarcasmo.
- “Oiçam, temos de confiar no Nurun. Sejamos francos, esta aliança é um excelente negócio. Se para isso temos de ir a um sitio e por fim a um grupo de gajos que só anda a fazer asneiras por um monte de aldeias, oh pá!!! Então força, vamos lá!! É apenas um pouco mais de mal que tiramos do mundo…” – disse Jesus.
Hyce apareceu então, e juntou-se ao grupo.
“Jesus, meu padreco!!! Pára de apregoar a missa!!! Já todos percebemos que Blazard não anda propriamente a plantar rosas. Mas o único problema é que nós não temos qualquer registo da acção pecaminosa deles ou que tenhamos de facto testemunhado. São apenas boatos, e algo que o StoryTeller quer que nós acreditemos que existe.” – disse Hyce.
- “Para não esquecer o súbito interesse na nossa aliança. Ele praticamente que pedinchou a nossa atenção, quando salvou o NiceOne, daquele ataque.” – disse Hefestos.
- “Isso também foi de facto muito estranho. Aquele monstro saído de nenhures e vir marrar logo comigo, foi um azar do caraças, quando já não tinha mais poções para aumentar o meu poder.” – disse NiceOne desapontado.
- “Eu tentei chegar lá o mais rápido possível, NiceOne. Mas acabamos por nos perder, quando caímos ao rio. Quando lá chegamos, já lá estava o StoryTeller e o clan dele em peso a fazerem a boa acção do dia.” – disse Sagramor levantando-se. – “E agora vão me dar licença, mas tenho um assunto a tratar antes do amanhecer.”
- “Sagramor… Ouve, era bom que descansasses, amanha vai ser um dia bastante puxado.”
- “Não te preocupes com o meu descanso, Nurun. Eu vou descansar muito… Ou não!” – disse sorrindo. Chamou Nimue e partiram pela escuridão.
Enquanto isso, Lince pensava na sua conversa com Verónica que tinha tido à horas atrás.
- “Lince não vás… Peço-te!”
- “Achas mesmo que eu posso fazer isso??? É chegar lá e dizer, olha Nurun não me apetece ir, desculpa, fica bem… Não posso, Verónica… Eu estou ligado aos Lusitanos por um juramento, e eu sou leal a esse juramento. Não posso abandonar os meus companheiros, só porque tu tiveste uma visão.”
- “Ah, agora já não confias nas minhas visões???”
- “Verónica não é isso… Entende o meu lado…”
- “E porque é que eu tenho de entender o teu lado, quando tu não entendes o meu??? Porque é que eu vou ter de assistir à tua morte mais uma vez??? Bastou-me o que eu vi na minha visão, para ter uma imagem clara do que ia acontecer. Já me chega ter-te visto a morrer nela, não quero que isso se torne numa realidade. Por favor Lince, por nós, se ainda sentes de facto algo por mim, não vás. Avisa-os do perigo que correm, se quiseres, mas tu não vás. És tudo o que eu tenho.”
- “Não faças isto, Verónica. Há muita coisa em jogo, aqui. Não posso simplesmente desistir. Nós estamos a arriscar muito!!”
- “Então e eu??? Não arrisquei tanto por ti? Não fui banida pelos da minha própria raça para continuar contigo??? Achas que isso não é arriscar nada??? Eu estou completamente sozinha no mundo, por tua causa…”
- “Verónica…” – aproximou-se dela, tentando abraça-la.
- “Não! Afasta-te! Se as minhas visões já não prestam, eu também já não presto para ti. Então o melhor é afastar-me de vez de ti.”
- “Verónica, não faças isso… Nada vai acontecer!”
- “Vai sim, sangue vai ser derramado. Incluindo o teu!!! Vemo-nos então no outro mundo, meu amor…”
E dizendo isto, afastou-se. O seu coração estava completamente despedaçado! Apetecia-lhe matar o Nurun, por um dia ter permitido que Lince pertencesse aos Lusitanos…
Estava-lhe a custar tanto aquele momento. Porquê é que Lince não lhe dava ouvidos? Sempre tinha confiado nela e nas suas visões. Mas desde que começaram com os planos para a aliança com o clan de StoryTeller que Lince nunca mais foi o mesmo.
Lince, no entanto, ficou a ver Verónica a afastar-se cada vez mais dele, até desaparecer na neblina.
Oh, como ele queria correr até ela e faze-la parar. Mas não podia. Ele sabia que tinha um dever a cumprir e mesmo que isso significasse a sua morte, era um passo que ele daria sem hesitar, e apesar da Verónica não concordar com ele, o seu amor por ela era algo que nunca acabaria, mesmo depois da sua possível morte ...
Acordando então do seu pensamento, decidiu tentar. Decidiu contar parte da história a Nurun.
- “Nurun, eu tenho estado calado, mas acho que chegou o momento de falar. Eu soube por alguém, que as intenções de StoryTeller, não são as melhores. Eles não pretendem levar o assunto da aliança a sério. Talvez fosse melhor ponderarmos um pouco mais na decisão final. – disse Lince”
- “Quem te contou isso?”
- “Quem contou não interessa. Apenas estou a pôr a hipótese, e se bem me lembro tu próprio disseste que tínhamos de ponderar em todas as hipóteses.”
- “Lince, sabes bem que não temos muito mais hipóteses, se queremos mesmo que esta aliança dê certo.”
- “Mas a questão não é essa. A questão é, quão fidedigna é a intenção deles. A pessoa em questão viu morte amanhã Nurun, e não me estou a referir ao grupo de elfos, nem a ninguém do outro clan. A morte vai assombrar os nossos.”
O silêncio instalou-se então naquele momento. Todos olhavam entre si.
- “Uma visão. Isso só os dark elfos têm essa capacidade.” – disse Wild.
A imagem de Verónica veio de novo à sua mente toldar-lhe os pensamentos.
- “E tu confias nessa visão?” – perguntou-lhe Nurun.
A pergunta… A derradeira pergunta…
- “Já não sei nada, Nurun. Faz como entenderes. Vou dormir, estou cansado.” – disse Lince, levantando-se e caminhando para a sua tenda.
- “Há muitas incertezas a rodear o clan, Nurun. Isso não é bom.” – disse Hefestos.
- “Neste momento nada é bom.” – disse Noxx.
- “Tudo se parece complicar ainda mais.” – disse Wild.
- “Então e os dark elfos não dormem???” – disse Noxx tentando provocar Wild.
- “Nos nossos sonhos vemos muita verdade. Por isso o sono para nós não é algo tão sagrado como é para vocês, Noxx.”
- “Pois eu estou cansado para burro, mas não consigo adormecer…” – disse NiceOne.
- “Conseguindo adormecer ou não, acho melhor irmo-nos deitar. Assim pensamos sozinhos, e não ficamos mais stressados do que estamos todos a ficar com esta conversa.” – disse Hyce.
- “Acho que tens razão, Hyce. O melhor mesmo é irmo-nos deitar.” – disse Skrift.
- “Descansar o corpo, já que a nossa mente não quer descansar.” – disse Hefestos, afastando-se depois para a sua tenda.
- “O dia de amanha vai ser uma mudança para todos nós, Nurun. Para bem… Ou para mal…” – disse Jesus, dando umas leves pancadinhas nas costas de Nurun, deixando-o depois sozinho, a olhar para o fogo na fogueira, que já quase se extinguira. Os outros levantaram-se também e caminharam para as suas tendas.
- “Sagramor, espero que ao menos tu estejas melhor que nós…” – o ultimo pensamento de Nurun, antes de apagar o que restava da fogueira, tapar o Koresma que tinha adormecido bêbedo, sentado numa pedra, e finalmente dirigir-se ele também, até à sua tenda.